Skip to main content

Expedição Pantanal 2019 | Fase 5: Serra do Amolar

Como você já sabe, a Expedição Pantanal 2019 foi um verdadeiro sucesso! Nossa equipe passou 25 dias visitando os principais projetos de conservação e pontos de ecoturismo da região. Dessa forma, buscamos aproximar laços e auxiliar na promoção do desenvolvimento sustentável do Pantanal. Ao todo, foram mais de 5.000 km percorridos por terra. Mais de 600 km percorridos por rios, 11 municípios, 20 empreendimentos ecoturísticos e 11 projetos de conservação visitados!

Após a passagem fantástica pelo Refúgio da Ilha, mergulhamos em um cenário completamente diferente, mas igualmente encantador: a Serra do Amolar. Com acesso pela cidade de Corumbá/MS, chegamos à regiões pantaneiras bastante remotas e contemplamos paisagens surpreendentes. No texto abaixo você confere a experiência completa! 

Um pouco sobre a Serra do Amolar 

A Serra do Amolar é considerada por muitos como uma das mais belas paisagens do Pantanal, escondida bem no meio do coração pantaneiro. Sua beleza é tamanha que, o importante fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado referiu-se à área como uma das mais bonitas do mundo, em seu livro Gênesis! 

 

Trata-se de uma formação rochosa situada na fronteira do Brasil com a Bolívia, mais especificamente entre as cidades de Cáceres/MT e Corumbá/MS. A cadeia é composta por 80 quilômetros de montanhas, que contrastam com o cenário habitual da maior planície alagada do mundo. 

Hoje, a área é considerada prioritária para conservação, visto que abriga um enorme corredor ecológico nacional, composto por quase 300 mil hectares. Lá, encontram-se o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e três Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Além de apresentar características naturais muito interessantes, como a presença de espécies vegetais típicas de outros biomas, a Serra do Amolar também exerce um importante papel biológico. Durante as épocas de cheia, muitos animais fogem para as montanha em busca de abrigo, garantindo sua segurança e sobrevivência.

Instituto Homem Pantaneiro (IHP)

Ao chegar no município de Corumbá, nossa primeira parada foi a sede do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), situada dentro do Moinho Cultural. Fomos muito bem recebidos pelo presidente do IHP, Angelo Rabelo, que nos mostrou alguns dos projetos realizados por eles. 

Lá, tivemos a oportunidade de presenciar lindas apresentações de dança performadas por jovens e adolescentes integrantes de um dos projetos, além de conhecer a fundo outras iniciativas desenvolvidas pelo Instituto. Dentre os muitos temas abordados em suas frentes de ação, constam a conservação de felinos pantaneiros, monitoramento dos rios nativos, etc. Também pudemos mergulhar na história de vida do presidente, entendendo melhor sua relação com o Pantanal e metas para o futuro. 

Angelo Rabelo é oficial da polícia e foi enviado ao Pantanal com o intuito de auxiliar no combate à caça e tráfico de animais silvestres durante os anos 80. Na época, as práticas estavam desenfreadas, o que provocou a diminuição demasiada de algumas espécies nativas, levando-as à beira da extinção – como foi o caso do jacaré. Rabelo atuou na linha de frente dessa guerra, quando foi baleado em 1983 durante uma operação. Após sua recuperação, ele retornou ao Pantanal em 1986 para implementar a Polícia Militar Ambiental. Junto de sua equipe, alcançou resultados bastante significativos para a conservação da fauna, controlando significativamente as atividades ilegais a partir de 1991. Apaixonado pelo bioma, o policial criou o IHP para continuar lutando pela biodiversidade e, principalmente, pelo povo pantaneiro.

Durante o período de atuação do Instituto, foram firmadas parcerias importantes, como com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio de termos de colaboração e trabalhos conjuntos desenvolvidos em Corumbá e na Serra do Amolar. Ainda, estabeleceram parcerias com instituições de setores públicos e privados, o que os levou a receber, em 2017, o Título de Utilidade Pública Municipal de Corumbá.

Após a visita ao Moinho Cultural, seguimos nosso roteiro de um jeito um pouco diferente: por vias aquáticas. 

Acaia Pantanal (Escola Jatobazinho) 

A bordo de um barco, partimos rumo à Escola Jatobazinho, projeto de sucesso desenvolvido pela Acaia Pantanal

Fruto de uma parceria público-privada com a Prefeitura de Corumbá-MS, a escola propõe aulas educativas e atividades extracurriculares para o Ensino Fundamental I, com classes seriadas do 1º ao 5º ano. Os trabalhos são realizados na Fazenda Jatobazinho, situada em área isolada e de difícil acesso, às margens do rio Paraguai (a 90km de Corumbá). Só é possível chegar ao local de barco ou avião de pequeno porte.

Por isso, pensando em facilitar a vida dos alunos e famílias, a escola funciona em regime de alternância – proposta implantada nas áreas rurais que mescla períodos em regime de internato na escola com outros em casa. Ou seja, os pequenos não precisam realizar o trajeto todos os dias. 

Ao chegar na Jatobazinho, tivemos a oportunidade de conhecer todo o corpo técnico de professores, além de conversar com a Fernanda (Coordenadora operacional) e com o Dilson (Coordenador pedagógico), que nos apresentaram mais a fundo a proposta da escola. 

Como forma de promover conhecimento, também tivemos a honra de falar sobre a Expedição Pantanal com as crianças, mostrando o percurso percorrido, nossos objetivos e, claro, a importância de uma iniciativa como essa para proteger o Pantanal. A troca com os pequenos foi muito gostosa, pois tiramos diversas dúvidas e conseguimos atuar como educadores ambientais. 

A proposta da Jatobazinho é trazer uma mudança na vida das crianças através da educação de qualidade.

RPPN Eliezer Batista 

No dia seguinte, já partimos logo cedo rumo à RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Eliezer Batista, que é gerida pelo IHP. Lá eles possuem uma base que recebe turistas e pesquisadores, fomentando o ecoturismo e a geração de conhecimento científico.

Após a chegada nas instalações, começamos a trilha Morrinhos, guiados pelo Adriano Ximenes, um experiente guia da região. A trilha é o começo da cordilheira que forma a Serra do Amolar toda. O pico dos Morrinhos é o primeiro pico ao sul de todo o resto da Serra do Amolar.

A paisagem vista lá de cima é surpreendente. Naquele momento entendemos o porquê de ser um dos pontos mais belos do bioma pantaneiro.

RPPN Acurizal

Enfim, após belíssimas surpresas cênicas, partimos para o nosso último destino da fase 5: a RPPN Acurizal. Durante o caminho, tivemos a oportunidade de conhecer um ribeirinho com uma história muito interessante, conhecido como “Beto Resto de Onça”. Sua história é bastante curiosa e traduz fielmente o quão vantajosa é a conservação dos felinos no Pantanal. Mas, por ser realmente muito boa, faremos um texto só sobre o assunto ainda este mês! (Fique ligado em nossas redes sociais). 

Ao chegar na RPPN Acurizal, também gerida pelo IHP, fomos recebidos pelo George Camargo, ecólogo e gestor da fazenda. Assim como a visita anterior, fomos surpreendidos por trilhas que levavam a lugares estonteantes, como a lagoa de águas claras. Cada parada era uma grata surpresa paisagística! Ao final do passeio, pegamos um barco e descemos o Rio Paraguai por cerca de 4 horas, até ancorar novamente no município de Corumbá.

Ao visitar a Serra do Amolar e vivenciar com afinco suas experiências e culturas, nos sentimos como verdadeiros pantaneiros ribeirinhos por alguns dias. Pudemos sentir suas dificuldades, observar os obstáculos enfrentados diariamente, mas mais do que isso, perceber o quão gratificante é poder coexistir com um cenário e uma biodiversidade tão incríveis. Cada vivência nos proporcionou mais força de vontade para lutar pela conservação do Pantanal. 

Confira o episódio dessa fase em nosso canal no Youtube:

Obrigado aos parceiros que nos receberam tão bem! É uma honra estar ao lado de vocês nesta luta.