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SOS PANTANAL Conheça a sucuri-amarela

Sucuris, também conhecidas como anacondas, integram o imaginário coletivo, além de serem um símbolo comum do folclore brasileiro. A sucuri-amarela é uma das espécies mais procuradas por turistas que visitam o Pantanal. Vamos aprender um pouco mais sobre elas!

Onde a sucuri-amarela habita?

A sucuri-amarela (Eunectes notaeus) também é conhecida como sucuri-do-Pantanal. Vive em áreas alagadas, como pântanos e brejos. É encontrada na Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, principalmente nas bacias hidrográficas dos rios Paraguai e Paraná. A espécie está relacionada às áreas inundáveis em torno destas bacias hidrográficas, principalmente no Pantanal.

Características da sucuri-amarela

Antes de qualquer coisa, a sucuri-amarela é um réptil, possuindo corpo alongado e coberto por escamas, sem patas, locomovem-se por rastejamento e são ectotérmicas, isto é, dependem do calor externo para regular sua temperatura.

As sucuris pertencem ao gênero Eunectes e fazem parte da família Boidae. É conhecida como sucuri-amarela devido ao fundo de seu corpo possuir um tom amarelado com manchas pretas, nos jovens, variando do verde-oliva ou marrom-escuro nos indivíduos com mais idade.

A sucuri-amarela é uma serpente de grande porte, sendo que as fêmeas podem atingir 4 metros de comprimento e são maiores que os machos, que apresentam cerca de 2,5 metros. Possui massa média de 30 kg, embora possa alcançar 40 kg.

Esta espécie não possui peçonha (substância tóxica produzida por glândulas e injetada no corpo de uma presa ou predador por meio de dentes modificados), ou seja, ela não é peçonhenta. Para matar suas presas, a sucuri-amarela utiliza a técnica de constrição: enrola-se na vítima e a aperta até sufocar, causando uma parada cardiorrespiratória.

Alimentação

A sucuri-amarela tem como base alimentar aves, ovos, peixes, pequenos mamíferos, e até mesmo répteis, como um jacaré. Isso mesmo! Há registros de sucuris se alimentando de cervos, catetos, inclusive capivaras.

A cobra possui uma dentição especializada conhecida como ágifa, que são pequenos dentes pequenos e finos, virados para trás, que faz com que a presa seja impedida de escapar.

Reprodução

Esta espécie atinge maturidade sexual entre 3 e 4 anos de idade. A gestação dura cerca de seis meses, gerando uma ninhada que varia entre 4 e 82 filhotes, sendo que há registros médios de 40 filhotes.

Um ponto interessante é a forma de reprodução da sucuri-amarela, que é poliândrica. Ou seja, uma única fêmea acasala com vários machos, atraindo-os por meio de um feromônio liberado quando está no período fértil. Os machos, então, se enrolam ao redor da fêmea, formando um aglomerado chamado de “bolo de reprodução”. Este grupo, com até 13 machos, fica junto por cerca de um mês.

SOS PANTANAL Conheça a sucuri-amarela

Foto: Bruno Sartori

A sucuri ataca o ser humano?

A sucuri-amarela não tende a atacar o ser humano, afinal, não fazemos parte de seu “cardápio”. Fatos isolados, porém podem acontecer, principalmente em áreas naturais. Ela pode, sim, morder caso seja manipulada de forma incorreta, ou atacar para se defender (usando a mordida como defesa). Lembrando que é proibido e contra a legislação manipular qualquer animal silvestre, a menos que haja uma licença especial para isto.

A novela Pantanal “remake”, veiculada em 2022, mostra o personagem Tenório sendo morto e arrastado para dentro do rio por uma sucuri. De acordo com o pesquisador de sucuris, Vidal Haddad Junior, é raríssimo acontecer um ataque e não há registros, em 30 anos que estuda ataques de animais aquáticos a humanos no Pantanal de Mato Grosso do Sul, de uma sucuri engolir um ser humano.

Existem relatos confirmados de serpentes que se alimentaram de humanos, porém, todos são na Ásia, e relacionados à espécie conhecida como Píton-reticulada (Malayopython reticulatus), que pode atingir mais de 9m de comprimento e é a maior serpente do mundo em tamanho.

Conservação e ameaça à sucuri-amarela

Cobras, no geral, carregam a fama de serem animais perigosos e venenosos, além de serem pouco atrativas aos olhos da população em geral. Os pantaneiros, por exemplo, não gostam da sucuri por conta de conflitos em que a cobra acaba matando animais de criação, como galinhas e porcos, ou animais de estimação.

Mas, como todo animal, a sucuri-amarela desempenha um papel muito importante no equilíbrio da natureza!

Além de exercer papel fundamental no controle da população de pequenos roedores, como os ratos, ela também serve de alimento para muitos outros animais, como a onça-pintada, jacarés, aves, etc., sucuri também é um excelente indicador de qualidade ambiental, apesar de conseguir se adaptar em diversos ambientes, como canais de irrigação artificiais.

Seu estado de conservação é considerado pouco preocupante (LC, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN), mas as mudanças climáticas tem sido grande ameaça para a sobrevivência de seus habitats.

A redução de chuvas e áreas alagadas no Pantanal, associada aos longos períodos de estiagem, fazem com que haja menos áreas alagadas para que as sucuris possam habitar. Assim como os intensos incêndios que vem assolando o bioma ano após ano e acabam incidindo diretamente nos répteis, que possuem habilidades de deslocamento mais lentas, não conseguindo escapar a tempo.

SOS PANTANAL Conheça a sucuri-amarela

Os incêndios no Pantanal afetam drasticamente a população de sucuris – Foto: Daniella França

 

Referências

Desmistificando as serpentes

O dilema de conviver com sucuris

É possível ser engolido por sucuris como Tenório, em Pantanal?

Jacaré e sucuri travam briga por mais de 2 horas em rio do Pantanal de MT

Eunectes notaeus, Yellow Anaconda

Integumentary water and sodium permeability of the yellow anaconda, Eunectes notaeus