Quem vive aqui ou já visitou o nosso Pantanal, sabe que um dos animais mais facilmente encontrados nos rios e margens da região é o jacaré. Mas, você sabia que nem sempre foi assim? Até meados de 1990, a caça clandestina era um problema grave no Brasil, o que acabou diminuindo drasticamente a população dos répteis em vida livre na época. Duas medidas tomadas, então, ajudaram bastante na redução do problema: maior fiscalização contra a caça e as famosas fazendas de jacarés!
A recente luta pela sobrevivência da espécie
De acordo com a ecóloga e pesquisadora da Embraba Pantanal, Zilda Campos, “Até o início da década de 1990, o maior problema era a caça clandestina. Cerca de um milhão de peles de jacarés da região eram vendidas por ano, principalmente para o exterior”. Tamanha procura pela iguaria com alto valor no mercado, quase levaram a espécie à extinção aqui na região.
Felizmente, a pressão dos grupos ecológicos e a posterior exigência de “certificação” para a aquisição de pele e/ou carne do bicho por parte dos compradores, reduziram a demanda e enfraqueceram a caça predatória. Hoje, a situação dos jacarés já melhorou bastante!
Levantamentos aéreos realizados pela equipe da Embrapa Pantanal em 2019, apontam cerca de 3 milhões de jacarés adultos distribuídos no território pantaneiro. Ou seja, a população atual encontra-se estável e não corre risco de extinção.
Ótimo! Objetivo alcançado com sucesso! Mas, com esse tanto de jacarés vivendo tranquilamente na natureza, de onde saem os indivíduos que são comercializados com certificação? Pois bem, eles saem das fazendas de jacarés!
Sobre as fazendas de jacarés
As fazendas de jacarés nada mais são do que criadouros dos répteis. A maioria delas possui um sistema moderno de criação, abate, comercialização da carne e curtimento do couro, que promove o desenvolvimento sustentável das regiões. Além de auxiliar na conservação da espécie, a prática também gera empregos e ajuda na manutenção da economia local.
O modo de funcionamento dos sistemas de criação é bem simples e pode variar de uma cooperativa para outra. No primeiro trimestre de cada ano, os profissionais coletam ovos na natureza e deixam-nos chochar em lugares preparados. Logo, os filhotes são transportados para a sede e cuidados por cerca de três anos, quando chegam no tamanho ideal para o abate (sem sofrimento).
Todas as partes do bicho são aproveitadas. Sua carne, que é suave, nutritiva e pouco calórica, costuma ser bastante apreciada na culinária regional. Além disso, sua pele resistente e esteticamente agradável também é utilizada na confecção de roupas, sapatos, bolsas, entre outros artigos de moda.
Uma cooperativa como essa emprega milhares de pantaneiros direta e indiretamente. Faz tudo conforme as leis e atua sob fiscalização de autoridades competentes. Cada produto oriundo dessas atividades possui o S.I.F – Selo de Inspeção Federal, garantindo ao comprador a ausência de prejuízos ambientais, econômicos ou sociais à região.
Já pensou em visitar uma fazenda de jacarés?
Além de todos esses benefícios, as fazendas ainda atuam como importantes atrativos turísticos! Algumas cooperativas proporcionam experiências únicas de conhecimento e proximidade com os jacarés, oferecendo até mesmo a possibilidade de segurar um dos animais em seus braços!
Os animais costumam ser alocados em diversas baias, separados de acordo com o tamanho para evitar o canibalismo. Em alguns casos, as fazendas chegam a abrigar até 50 mil indivíduos. É muito jacaré junto!
Também vale ressaltar que todo o processo é realizado com todo o respeito aos animais, envolvendo profissionais competentes e treinados para tal. Os visitantes estarão sempre acompanhados de um guia e podem sentir-se seguros ao mergulhar nesta experiência.
Como apoiadores e atuantes no desenvolvimento sustentável pantaneiro, nós admiramos e incentivamos o trabalho mantido pelas fazendas de jacarés! Lutamos pela conservação da biodiversidade, pela geração de empregos e bom funcionamento da economia, assim como propõe a atividade realizada pelas cooperativas.