Dia 19 de abril é comemorado o Dia dos Povos Indígenas! No Pantanal, a cultura indígena é fortíssima e entender um pouco sobre essa cultura é entender sobre a história do Pantanal e do nosso país.
Vamos conhecer um pouco sobre os povos indígenas do Pantanal?
O Pantanal foi ocupado há aproximadamente 8,4 mil anos por povos indígenas que formaram um mosaico cultural ao longo da região. Isso ocorreu antes da colonização pelos Europeus e não é possível estabelecer nenhuma relação com as etnias daquela época com as que conhecemos hoje em dia.
No período colonial, vários povos indígenas migraram para o Pantanal e foram estabelecendo-se primeiramente nas bordas dos rios, lagos e lagoas, e em seguida próximos às matas.
Há pelo menos 3 mil anos, esse povos começaram a incorporar a cerâmica e agricultura em sua cultura, passando a se estabelecer de forma mais fixa em diferentes localidades ao longo do Pantanal e iniciando assim a formação de uma identidade sociocultural na região.
O que concluímos com isso tudo? Que os povos indígenas já ocupam o Pantanal há muito tempo. Bem antes da região ganhar essa denominação, devido às suas terras alagadas.
Principais povos indígenas do Pantanal
- Paiaguás – Extintos
Viviam no Pantanal quando os portugueses chegaram na região. Foram fortes guerreiros junto aos Guaikuru travando batalhas contra os portugueses. Foram fortemente perseguidos e aos poucos totalmente exterminados.
- Os Guaikuru
Ofereceram grande resistência à povoação do Pantanal mato-grossense pelos portugueses, juntamente com os Paiaguás. A partir do século XVIII, chamou-se guaikuru todos os indígenas do Chaco que compartilhavam sua língua.
- Guatós
Até em 1977 eram considerados extintos, quando um grupo na ilha Bela Vista do Norte foi reconhecido. Eles vivem no pantanal dispersos ao longo dos rios Paraguai e São Lourenço no município de Corumbá.
- Guaranis Kaiowá e Guaranis Ñandeva
Os Guaranis Kaiowá e Guaranis Ñandeva são dois povos que ocupam a reserva de Amambaí, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Devido aos inúmeros conflitos sofridos entre indígenas e brancos, principalmente decorrentes das modificações da estrutura econômica local, há uma alta taxa de alcoolismo e suicídios registrados entre os indígenas das reservas da região.
- Os Bororo Ocidentais – Extintos
Viviam na margem leste do rio Paraguai, onde no início do século XVII os jesuítas espanhóis fundaram várias aldeias de missões. Eram um povo amigável e serviam de guias aos brancos, trabalhavam na fazendas e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram no final do século XIX principalmente devido à doenças.
- Bororo Orientais
Também conhecidos como Coroados ou Porrudos e autodenominados Boe.
Habitavam um território que ia da Bolívia a oeste, ao rio Araguaia a leste, do rio das Mortes ao norte ao rio Taquari ao sul. Eram povos nômades e não muito sociáveis, dificultando a colonização. Sofreram com inúmeras investidas dos brancos para exterminá-los, além de epidemias. A população, que era estimada em 10 000 indígenas, passou a possuir cerca de 5000 representantes no fim do século XIX. Em 1910, foram entregues para serem catequizados e a população já somava apenas 2000 índios. Em 1990 a população se reduziu a 930 pessoas vivendo em pequenas áreas indígenas nos municípios de Barra do Garça, Barão de Melgaço, General Carneiro, Poxoréu e Rondonópolis no Estado de Mato Grosso. Sua cultura que era baseada na caça e colheita de alimentos hoje foi substituída pela agricultura e da venda de artesanato.
- Umotinas – Subgrupo Bororo
Eram conhecidos como “barbados”, pois usavam barbas postiças feitas de pelos de macaco ou de cabelos de mulheres da tribo. Vivem na Área Indígena Umutina no município de Barra dos Bugres no Mato Grosso junto com os Paresi, Kayabi e Nambikwára.
- Paresi
Viviam no planalto de Mato Grosso e serviram de escravos aos bandeirantes por terem comportamentos dóceis. No início do século XX foram encontrados pelo Marechal Rondon que os transferiu para terras protegidas por suas tropas. Em 1990 segundo a FUNAI eram 900 índios.
- Terena
Também conhecidos como Terenoe, vivem principalmente no estado de Mato Grosso do Sul (Áreas Indígenas Aldeinha, Buriti, Dourados, Lalima, Limão Verde, Nioaque, Pilade Rebuá, Taunay/Ipegue e Terras Indígenas Água Limpa e Cachoeirinha, a oeste da Reserva Indígena Kadiwéu, na Área Indígena Umutina e a leste do rio Miranda).
Também são encontrados no interior do estado brasileiro de São Paulo (Áreas Indígenas Araribá, Avaí e Icatu) e na margem esquerda do alto rio Paraguai, em Mato Grosso e no norte deste estado, entre os municípios de Peixoto de Azevedo, Matupá e Guarantã do Norte, na Terra Indígena Gleba Iriri Novo, às margens do rio Iriri, nas aldeias Kopenoty, Kuxonety Poke’é, Inamaty Poke’é e Turipuku.
- Chamacoco
Habitam a margem esquerda do rio Paraguai, no limite entre o estado brasileiro do Mato Grosso do Sul e o Paraguai, mais precisamente na Reserva Indígena Kadiwéu.
- Kadiweu – descendentes dos guaikurus
(Informações fornecidas por Lucas Arruda – Wetlands Brazil/ Mupan)
Conhecidos como índios guerreiros, por terem lutado na Guerra do Paraguai pelo lado brasileiro. Há uma lenda que diz que o próprio D. Pedro doou a reserva onde está localizado o território deles.
Hoje, cerca de 1.200 indígenas Kadiwéu vivem no Território Indígena Kadiwéu, localizado no município de Porto Murtinho (MS). O território indígena Kadiwéu é o maior território indígena dentro do Pantanal com 538 mil hectares.
Tem em sua cultura a cerâmica com um forte estilo étnico que contribui para a reafirmação das tradições culturais e preservação da identidade étnica do grupo além de ser uma importante fonte econômica para as famílias. Essa prática vem sendo ameaçada devido à falta do pau santo no território, do qual eles retiram uma resina para finalizar os artesanatos.
Nos incêndios de 2019, cerca de 60% do território indígena Kadiwéu foi atingido pelas chamas em 2020 e cerca de 38% em 2020.
Gostou de conhecer um pouco mais sobre a história indígena do Pantanal e do nosso país? Tem alguma informação que não comentamos aqui? Deixa aqui nos comentários e vamos fazer uma grande troca. Que tal?
Texto por: Fernanda Sá
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