Da Redação, Jornal Circuito MT
Os dados do avanço da degradação na Bacia do Alto Paraguai (BAP), do Instituto SOS Pantanal, revelaram que o bioma perdeu 495 km2 de áreas naturais convertidas.
O Pantanal perdeu no ultimo ano, 495 km2 de áreas naturais convertidas para uso antrópico. Apesar dos números revelarem uma pequena redução em relação ao mesmo período, os dados apontaram um aumento na conversão das áreas de mata nativa dentro da planície, o bioma Pantanal, dentro da Bacia do Alto Paraguai (BAP). Os número são do Instituto SOS Pantanal que desde 2009 monitora a degradação na Bacia do Alto Paraguai (BAP).
“É a primeira vez que a degradação na áera de planície é maior do que na áera de planalto dentro da BAP”, afirma Felipe Dias, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal. É um dos biomas mais esquecidos, afinal muitas das políticas públicas hoje são todas voltadas para a Amazônia”.
Em novembro o vice-governador de Mato Grosso viaja para Alemanhã para a reunião da COP 23, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorre em Bonn. Grande parte das ações a serem discutidas durante o evento são voltadas para as áreas de floresta de Mato Grosso e não para as áeras úmidas como o Pantanal.
Um dos pontos alarmantes do estudo do instituto SOS Pantanal é a rapidez que a devstação tem avançado dentro do bioma, que ao contrário da Amazônia tem uma área muito menor, com 150 km2. “A velocidade com que essa conversão ocorre é algo que deve ser considerado com muita atenção. Já são cerca de seis campos de futebol por hora de perda de mata nativa”, afirmou Marcos Rosa, responsável pelo estudo, coordenado pelo Instituto SOS Pantanal, e executado pela empresa ArcPlan.
Dos municípios campeões em devstação dois estão em MT
Os três campeões do desmatamento na Bacia do Alto Paraguai desmataram uma área equivalente ao tamanho de Salvador (BA) ou duas Belos Horizontes (MG), com 63.166 hectares. Entre os campeões de “desmatamento” (Áreas Naturais, principalmente do grupo das classes de “Savanas Arborizadas”, “Savanas Gramíneas”, “Savanas Florestadas” e Formações Florestais, são convertidas para Áreas Antrópicas, principalmente para a classe de “Pastagem” e “Alteração Antrópica”) na BAP, estão Corumbá (MS), Cáceres (MT) e Santo Antônio do Leverger (MT). Corumbá lidera o ranking desde 2002, quando o monitoramento começou a ser feito. No monitoramento do período 2014 / 2016, o município, desmatou o dobro do que Cáceres e Santo Antônio, com 35.137 hectares. Os dois municípios mato-grossenses perderam áreas de 15.447 e 12.582 respectivamente.
“Corumbá é o município de maior área na região da Bacia do Alto Paraguai e o que possui 78% da sua área dentro do Pantanal, até por isso, é o que mais perde área ao longo dos anos. Os números para o Município de Corumbá são alarmantes, mas precisamos também chamar atenção dos municípios que, apesar de terem menos de um terço do tamanho de Corumbá, como Santo Antônio do Leverger (MT) e Aquidauana (MS), estão entre os cinco que mais tiveram alterações de suas áreas naturais”, explica Felipe Augusto Dias, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal.
O Atlas do Instituto SOS Pantanal apontou que o Pantanal, a área de planície da BAP, perdeu até 2016 15,7% de suas áreas naturais. A situação da região de planalto na BAP é mais grave ainda, pois a regiões já tem 61% de perda de vegetação natural. “Decidimos monitorar a Bacia do Alto Paraguai por que a planície pantaneira é diretamente influenciada pelo planalto, pois é nele que estão as nascentes dos rios. E historicamente é onde o desmatamento avançou com mais força.”, explica Dias. As áreas naturais de savanas gramíneas, arborizadas e florestadas são as mais impactadas com 177.469 hectares convertidos, de um total de 220.519 hectares convertidos na BAP no período entre 2014 e 2016.
Dentro do bioma Pantanal, o total de áreas naturais convertidas foi de 103.953 hectares. A expansão das pastagens plantadas (exóticas), lidera o processo de antropização no Pantanal, com um aumento de 65.892 hectares sobre as matas nativas, seguido pelo aumento de áreas da classe “alteração antrópica”, que expandiu 37.941 hectares sobre as áreas naturais. As áreas de pastagem plantada no Pantanal, consolidaram-se ainda, sobre áreas já alteradas em anos anteriores, somando uma área de 104.700 hectares.