No último fim de semana, o Rio Miranda acordou totalmente irreconhecível. Coberto por galhos, bambus e troncos de árvores, além da grande quantidade de barro, o rio foi fechado pelos detritos, impossibilitando até mesmo a passagem dos barcos. O acontecimento repentino, resultado direto do desmatamento, assustou moradores do município e prejudicou o fluxo da economia local.
De acordo com o diretor-executivo do SOS Pantanal, Felipe Dias, “a falta de proteção das margens ocasiona situações como a que está ocorrendo, causando além das perdas ambientais, muita perda econômica e social, principalmente daqueles que dependem da qualidade da água. O Rio Miranda é de extrema importância para a economia do Mato Grosso do Sul. Dentre os setores da economia, posso destacar: o turismo (ecológico, aventura e pesca); a agricultura irrigada e o abastecimento urbano.”
PERÍODO DE CHEIAS
O Pantanal está, atualmente, vivendo seu período de cheias. Ou seja, sofre com fortes chuvas que elevam os níveis dos rios e causam alagamentos por toda a região. A última chuva que atingiu as áreas de Bonito, Bodoquena, Nioaque e outras localidades próximas acabou levando toda a sujeira dos afluentes para o Rio Miranda, especialmente no trecho próximo à ponte do Calcário, em Miranda.
Pesquisadores acreditam que o desmatamento, aliado à falta de proteção das margens do rio, seja a principal causa do fenômeno. Segundo o secretário municipal de Obras da cidade e coordenador da Defesa Civil, Amarildo Arguelho, “infelizmente nosso rio está assoreado pra cima e o desmatamento está incontrolável. Agora está mais perto do leito do rio, aí acontece isso.”
Moradores locais alegam que é até comum avistar o material no rio durante essa época do ano, mas dessa vez a quantidade foi surpreendente. E, para piorar, a previsão é que o fenômeno ocorra com ainda mais intensidade num futuro próximo, pois o rio está apenas começando a encher. Quando for ficando mais cheio, pode trazer ainda mais entulhos.
SOLUÇÃO RÁPIDA
A limpeza do leito do rio já foi iniciada no próprio fim de semana. Com a ajuda de uma retroescavadeira, a prefeitura, Polícia Militar Ambiental e pescadores trabalham em conjunto, retirando aos poucos os detritos da água.
A boa notícia é que, conforme os galhos vão se soltando, já conseguem seguir o curso natural do rio. Com isso, o fluxo de navegação também pode voltar ao normal. Além do mais, o entulho não fica submerso na água, ou seja, não impacta a vida aquática da região.
No entanto, quando pensamos em soluções a longo prazo, é interessante que haja maior fiscalização e punição dos crimes ambientais ligados ao desmatamento. O ideal é sempre “cortar o mal pela raíz”, não apenas remediar seus efeitos.