Não é possível falarmos sobre o Pantanal sem citar os rios que atravessam o bioma. O Pantanal depende da água para existir como é, e são os rios que trazem os grandes volumes de água que extravasam as margens e preenchem a paisagem, formando a maior planície alagável do mundo!
Vem aí mais um post da série “Rios do Pantanal”, onde apresentaremos os principais rios que formam a planície pantaneira, seus afluentes e curiosidades. Dessa vez, conversaremos sobre o Rio Cuiabá.
Ficha técnica
Onde nasce: na depressão interplanáltica (entre dois planaltos) de Paranatinga, localizada no município de Rosário Oeste – MT.
Extensão: 980 km (integralmente no Brasil).
Onde deságua: Rio Paraguai.
Rios Afluentes: rios Marzagão, Manso, Acorizal, Coxipó-Açu, Coxipó, Coxipó-Mirim, Aricá Açú, Aricá Mirim, Mutum, São Lourenço, Chiqueirão, Jangada, Espinheiro e Pari.
Características
A Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá banha 13 municípios, dentre eles, a Chapada dos Guimarães, onde se encontra um dos principais e mais procurados polos turísticos de Mato Grosso. Descendo para a planície pantaneira, o rio cruza Unidades de Conservação como o Parque Estadual Encontro das Águas (local com a maior densidade populacional de onças-pintadas do mundo), e o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense, onde o Cuiabá enfim deságua no Rio Paraguai.
O rio Cuiabá é formado pelo encontro do rio Cuiabá da Larga e Cuiabá do Bonito, que nascem nos vales da Serra Azul em Rosário Oeste, a cerca de 500 m de altitude. Ele é um dos responsáveis por levar as águas das chuvas do planalto para a planície, e, assim, garantir o regime de inundação.
A vegetação natural predominante ao redor desse rio é de Cerrado, ou seja, árvores com troncos tortuosos, arbustos e gramíneas. Essas paisagens florísticas já foram formadas por uma rica heterogeneidade que sustentou por longos períodos, diferentes grupos indígenas. No entanto, hoje, elas têm sido abusivamente empregadas para pastagem de gado, colocando em risco toda a biodiversidade natural.
Ameaças
Poluição: Quando as margens do rio adentram a área metropolitana de Cuiabá, a qualidade das águas passam a ser intensamente prejudicadas. A crescente urbanização aumenta o despejo de resíduos e dejetos provindos do uso comercial, industrial e humano. Inclusive, somente nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande, há o depósito diário de cerca de 20 toneladas de resíduos sólidos (cerca de 4,3 litros por segundo de esgoto) que seguem em direção ao Pantanal.
Desmatamento: A retirada das vegetações ciliares para ocupação antrópica, retira também a proteção contra os sedimentos, nutrientes carregados pela chuva e parte dos poluentes químicos que podem ser levados para o rio. Com mais sedimentos sendo carregados para o leito, o rio tem o processo de assoreamento intensificado.
Hidrelétricas: Uma grande ameaça para a funcionalidade do rio são as Pequenas Centrais Hidrelétricas, também conhecidas como PCH’s. Essas centrais consistem na construção de uma barragem para gerar energia, porém, o processo de barragem pode ser letal para o rio e as pessoas que dependem dele para sobreviver. É no Rio Cuiabá que ocorre 50% do processo reprodutivo das mais importantes espécies de peixe da bacia do Pantanal, como pacu, pintado, cachara, piraputanga, dourado, dentre outros, que além de serem um recurso essencial à sobrevivência de aves, mamíferos e répteis, possuem um alto valor econômico e são fonte de renda para comunidades locais. Somente o rio Cuiabá produz o correspondente a 50% do pescado de todo o Estado, demonstrando, ainda, grande vitalidade, mas caminhando em direção ao esgotamento de seus preciosos recursos.
Drenagem: Além da pesca, a agricultura se destaca nas atividades econômicas, o que leva à drenagem de uma boa parte das águas para abastecimento hídrico das plantações, principalmente do algodão, soja, milho e cana-de-açúcar.
Texto: Alexia Ferraz
Revisão: Gustavo Figueirôa
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