Em homenagem à ave nativa do Pantanal que ecoa um canto característico no território, o Sistema de Monitoramento Aracuã é resultado do desenvolvimento de uma metodologia personalizada de monitoramento de focos de calor e análise de dados territoriais no bioma Pantanal, aliado a alertas em tempo real para as Brigadas Pantaneiras (BPAN). Este é o mais novo resultado do uso da tecnologia em prol da conservação do meio ambiente.
Antes de começar, é importante explicar que o Sistema de Monitoramento Aracuã é divido em 2 etapas: – “Alerta Aracuã” e Painel Aracuã”.
Alerta Aracuã
É um um programa desenvolvido pelo SOS Pantanal que detecta focos de calor direto do sistema da NASA e envia um alerta automático personalizado diretamente para o smartphone de pessoas e brigadistas que moram nas áreas cobertas pelas Brigadas Pantaneiras.
A emissão de alertas ocorre via Whatsapp aos líderes das BPANS ao serem detectados focos de calor na área da brigada e nas regiões adjacentes. Essa agilidade na detecção e comunicação com as brigadas é fundamental para uma rápida resposta a um eventual incêndio florestal.
Estamos colhendo muitos resultados ressaltados pelos próprios brigadistas, como relata Miriam Amorim, líder da BPAN de São Pedro de Joselândia – MT:
“Os alertas de focos enviados no celular permite saber a localização dos incêndios. Às vezes a brigada fica sabendo dos incêndios através das comunidades ou visualização em campo, porém na maioria das vezes a única forma de saber da ocorrência de incêndios é por meio da detecção do sistema. Eu gostei e achei fácil a utilização no celular”.
Painel Aracuã
Já o Painel Aracuã, é um sistema de geração de painéis simplificados e bem visuais, idealizado pela Synergia Socioambiental, parceira de longa data do SOS Pantanal, que usa tecnologia e análise acurada de dados para monitorar focos de incêndio no bioma, ajudando a traçar estratégias de prevenção e combate ao fogo.
No painel são apresentados dados que ajudam a entender melhor o cenário do fogo. Dentre as funcionalidades, é feito um comparativo com a média histórica desde 2012, além do registro de áreas atingidas pelo fogo nos últimos anos. Essas informações auxiliam na compreensão do regime de fogo nos territórios e consequentemente no planejamento das ações de manejo, prevenção e combate.
O monitoramento de dados variados por meio de sistemas de detecção remota, como satélites da Nasa e sensores terrestres, inclui dados sobre histórico de focos de calor registrados, qualidade da vegetação, características do terreno, infraestruturas existentes e ações preventivas adotadas. Esses dados permitem uma resposta rápida e eficiente, direcionando os recursos disponíveis para as áreas afetadas e facilitando o combate aos incêndios em estágios iniciais, quando a propagação é mais controlável, minimizando danos.
Os dados do Painel Aracuã são, atualmente, divididos em Painel Geral de Informação e Painel por Brigada. Dessa forma, ocorre a análise e visualização de 4 grupos de dados essenciais a todo planejamento territorial ligado a controle, combate e manejo do fogo:
- áreas queimadas em eventos anteriores;
- focos de calor;
- uso e ocupação do solo;
- qualidade da vegetação.
Enquanto o Alerta Aracuã detecta e envia alertas para que os brigadistas no território possam agir de forma rápida, o Painel Aracuã, além de registrar o histórico de acontecidos e de apresentar dados em tempo quase real, auxilia o trabalho e valida a importância das brigadas pantaneiras – favorecendo também a identificação de áreas de focos de calor mais concentrados que ainda não estão sendo atendidas pelas brigadas – possibilitando a proteção das vidas, dos ecossistemas e propriedades nas regiões monitoradas.
As análises do painel se aplicam à Bacia do Alto Paraguai, que compreende o Pantanal todo seu entorno, onde nascem as águas que banham a maior planície alagável do mundo. É dentro dessa área que estão as 24 Brigadas Pantaneiras, e o monitoramento vem sendo realizado desde maio deste ano.
Painel Aracuã: conhecendo o painel geral
Produzidos mensalmente, os painéis gerais trazem um texto com a análise resumida dos resultados do painel divulgado, o quantitativo de focos de calor observados nas áreas das brigadas por mês, acumulado do ano, o ranking das brigadas com mais focos de calor no ano e o mapa de localização das brigadas e dos focos de calor.
Entendendo o Painel por Brigadas
Com produções bimestrais, cada Painel traz informações territoriais sobre uma brigada específica, totalizando 24 painéis, contendo os dados de uso e ocupação do solo, o quantitativo de áreas queimadas dentro da brigada ao longo dos últimos 10 anos, a localização de focos de calor e demais informações dentro da área das brigadas e os dados de qualidade da vegetação (NDVI).
Uma outra abordagem para o monitoramento de focos de calor no Pantanal
Na perspectiva dos/das especialistas do Centro de Estudos Synergia e da Diretoria de Estudos e Pesquisa da empresa, o Painel Aracuã se destaca por trazer os dados do monitoramento de focos de calor de forma acessível, além de trabalhar com informações registradas praticamente em tempo real.
Marcos Vinicius Quizadas de Lima, especialista de Geoprocessamento da Synergia, também destaca a importância de lidar com informações tão atualizadas: “O principal diferencial do painel é ter a informação em tempo quase real. Não dá para aplicar uma ação em um território gigantesco, em que quase tudo tem algum risco, sem que haja planejamento. E a análise vista de forma mais real, e mais recente, traz a possibilidade de decisão mais assertiva, economiza recursos e facilita a gestão da área onde serão posicionadas as ações corretivas, economizando tempo e diminuindo danos”, aponta.
Já segundo Leonardo Gomes, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal “Os painéis de gestão Aracuã são uma parte fundamental da estratégia do Manejo Integrado do Fogo do SOS Pantanal. Graças ao apoio técnico da Synergia, conseguimos ter um acompanhamento da evolução de focos, área queimada, condições do solo, vegetação e principalmente o resultado das ações de cada brigada. Com essa ferramenta, as próprias brigadas conseguem ter uma noção visual do resultado do seu trabalho, avaliando seu esforço, engajando mais pessoas e planejando melhorias nas próximas ações”