Para as “crianças” dos anos 80 e 90, o cervo foi um animal que se popularizou após a animação “Bambi”, da Disney, chegar aos cinemas. Bambi é um filhote de cervo inglês, mas, você sabia que temos representantes brasileiros?! E o cervo-do-pantanal é o maior da América do Sul! Vamos conhecê-lo?
Onde o cervo-do-pantanal habita?
O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) habita áreas inundáveis e pantanosas, restando em abundância apenas no Pantanal e na Ilha do Bananal, no Tocantins, que representam 90% do total da espécie. Ainda pode ser encontrado, porém, em menor quantidade, no sudeste do Peru, no Paraguai, na Bolívia, no nordeste da Argentina e em alguns estados brasileiros.
Esta expressiva redução da espécie se deu, principalmente, devido à caça e à perda de hábitat.
O cervo evita florestas e seleciona áreas com certa profundidade. No Pantanal, pode-se encontrar bandos concentrados perto dos rios e áreas alagadas na época de seca. Já, durante a cheia, estão dispersos. É um animal relativamente fácil de ser avistado, por possuir hábitos diurnos, com atividade intensa no início da manhã e final da tarde. São ótimos nadadores e saltadores.
Reprodução
Uma fêmea gera o filhote por, aproximadamente, 271 dias, nascendo um único filhote por ninhada. Este filhote pesa entre 4 e 5 kg e em menos de 5 dias já está seguindo a mãe. Os filhotes do cervo-do-pantanal possuem a pelagem semelhante à dos adultos, enquanto em outros cervídeos os filhotes apresentam manchas características.
Características principais do cervo-do-pantanal
O cervo-do-pantanal é o maior cervídeo da América do Sul, com quase 2 metros de comprimento, podendo atingir 2 metros de altura, incluindo os chifres. O que chama atenção na espécie são as galhadas, que medem de 40 a 45 cm, normalmente apresentando cinco pontas de cada lado, mas podendo chegar a 20 ramificações em indivíduos mais velhos. A pelagem é avermelhada.
Os machos possuem chifres que caem e voltam a crescer a cada ano e, nas espécies que apresentam galhadas, as ramificações vão aumentando gradualmente a partir do primeiro ano.
O principal predador do cervo é a onça-pintada (Panthera onca).
Foto: Daniella França
Alimentação
Grande parte da dieta do cervo-do-pantanal é baseada em brotos de várias espécies arbustivas e plantas aquáticas ou semiaquáticas de folha larga (Tomas & Salis, 2000).
De acordo com pesquisadores que estudam a espécie no Pantanal, foram identificadas 41 espécies vegetais que compõem a dieta do cervo-do-pantanal, sendo 32 consumidas durante a estação de cheias e 31 na estação seca. A maioria plantas é composta por espécies aquáticas e/ou que apresentam tolerância a inundação ou solo encharcado (Tomas & Salis, 2000).
Ameaças e conservação do cervo-do-pantanal
Além das ameaças como perda de hábitat, que afetam milhares de espécies, o cervo-do-pantanal teve sua população muito reduzida devido à caça. A característica dessa caça é principalmente ligada à obtenção da cabeça e galhadas como troféu para colecionadores.
A espécie está classificada como “vulnerável” (VU) na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e também na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, além de integrar listas dos estados de Minas Gerais (Biodiversitas, 2008), São Paulo (Bressan, 2009), Paraná (Margarido & Braga, 2004) e Rio Grande do Sul (Marques, 2002) na categoria de criticamente em perigo (CR).
A proteção do Pantanal é primordial para que esta não seja mais uma espécie da fauna a desaparecer em breve. Apoie ações de conservação para o bioma.
Foto: Daniella França
Referências
Nosso maior cervídeo: o cervo-do-pantanal
Plano de Ação Nacional para Cervídeos
