Os incêndios vem consumindo o Pantanal e este número já ultrapassou os 2 milhões de hectares, mais de 15% do bioma. Os incêndios são, também, consequência da seca extrema que vem atravessando o bioma. Estes dados são mostrados por estudos do LASA-UFRJ e MapBiomas.
No último dia 13 de agosto, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais, LASA-UFRJ, divulgou a 2ª Nota Técnica com a avaliação da situação do fogo no Pantanal, analisando o período de 1º de janeiro de 2024 a 8 de agosto de 2024.
A avaliação apresenta que as condições climáticas extremas que o Pantanal vem enfrentando são propícias para o aumento do perigo de fogo, que é o maior da história desde 1980, ou seja, dos últimos 44 anos.
As áreas afetadas pelo fogo já superam os 2 milhões de hectares, previsão que era esperada até o final de 2024. No período observado, a área consumida pelo fogo este ano já superou 1,4 milhão de hectares, quase o dobro do que queimou em 2020, que foram 796 mil hectares, período em que se estima que 17 milhões de vertebrados morreram por conta do fogo.
Mudanças climáticas diminuem o intervalo de ocorrência de eventos extremos
O LASA participou de um estudo juntamente com pesquisadores ingleses, que mostrou que as mudanças climáticas tornaram as condições climáticas no Pantanal 40% mais intensas.
A probabilidade anterior era de que tais eventos extremos acontecessem a cada 160 anos em um cenário sem o aquecimento global. Agora, a tendência é que o cenário se repita a cada 35 anos.
A qualidade do ar na região está ruim e se espalha pelo país
A fumaça das áreas queimadas na Amazônia e no Pantanal formam um grande corredor que já atinge cidades de dez estados. Além da qualidade do ar nos municípios pantaneiros estar péssima, a ocorrência dos incêndios pode elevar os níveis de poluição em escala regional.
No último dia 21 de agosto, o MapBiomas lançou a Coleção 9, trazendo dados inéditos de cobertura e uso da terra no país.
A série histórica analisada compreende o período de 1985 a 2023. Ao longo destes 38 anos, o Pantanal foi o bioma que mais secou no Brasil, proporcionalmente.
O ano de 2018 marcou a última grande cheia no Pantanal. Em comparação com a cheia de 1988, primeira grande cheia da série histórica, foi 21% menor. O Pantanal perdeu cerca de 50% de suas áreas alagadas. No ano de 1985, quando se iniciou a série histórica do MapBiomas, as áreas alagadas do bioma ocupavam 7 milhões de hectares. Em 2023, estas áreas diminuíram para 3,5 milhões de hectares.
Todo este conjunto de fatores aumenta os riscos climáticos
A natureza funciona de forma equilibrada e estável, nada é um fato isolado. Quando algo não está bem, todo o restante começa a sofrer as conseqüências.
Além da redução de água, o Pantanal teve perda de áreas naturais em 82% dos municípios que compõem o bioma, no período de 2008 a 2023. Estas perdas se devem a diversos motivos: agropecuária, expansão urbana, entre ouros usos da terra.