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Conheça o jacaré-do-Pantanal, espécie emblemática do Pantanal

SOS PANTANAL Conheça o jacaré-do-Pantanal, espécie emblemática do Pantanal

Dono de poderosas mordidas, o jacaré-do-Pantanal é um réptil que encanta a todos e virou um dos símbolos do Pantanal. Habitante da maior planície alagável do planeta, é um réptil que atrai muitos olhares e turistas. Venha conhecer mais sobre essa belíssima espécie!

 

Onde o jacaré-do-Pantanal habita?

O jacaré-do-Pantanal (Caiman yacare), também conhecido como jacaré-do-paraguai, caimán ou jacaré-piranha, devido aos seus pontudos dentes, habita a parte central da América do Sul, norte da Argentina, sul da Bolívia e região centro-oeste do Brasil, chegando até o sul da Bacia Amazônica, especialmente na planície pantaneira.

 

Características do jacaré-do-Pantanal

Esta espécie de jacaré pode atingir até três metros de comprimento e pesar 300 kg. Seu padrão de coloração é bastante variado, apresentando o dorso escuro, com faixas transversais amarelas.

O jacaré-do-Pantanal é um réptil ectotérmico, ou seja, regula sua temperatura corporal através do ambiente externo, por meio da radiação solar e da temperatura da água. A temperatura também influencia diretamente a reprodução destes animais.

SOS PANTANAL Conheça o jacaré-do-Pantanal, espécie emblemática do Pantanal

O jacaré-do-Pantanal pode chegar a medir até 3 metros – Foto: Gustavo Figueirôa

Reprodução

O período de reprodução do jacaré-do-Pantanal ocorre ao final da estação seca, entre maio e setembro, quando os níveis de água estão mais baixos.

Os jacarés são ovíparos, ou seja, as fêmeas colocam ovos para reproduzirem-se. Após o acasalamento, a fêmea constrói um ninho com matéria orgânica em decomposição, nas margens do corpo hídrico onde habita, e deposita entre 20 e 30 ovos. A fêmea é quem exerce o cuidado parental dos filhotes, desde a postura dos ovos até depois do nascimento dos filhotes. Os ovos ficam no ninho por um período entre 60 e 80 dias, até sua eclosão.

Uma curiosidade interessante desta espécie é que os filhotes vocalizam de dentro do ovo, indicando para a mãe que está na hora de nascer. Além disso, o sexo do filhote é determinado pela temperatura externa na qual os ovos serão incubados. Temperaturas abaixo de 30ºC produzem fêmeas, acima de 30ºC produzem machos e se a temperatura for fixa em 30ºC durante toda a incubação, podem nascer ambos os sexos (MARQUES, 2007).

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Foto: Gustavo Figueirôa

 

Alimentação

O jacaré-do-Pantanal alimenta-se principalmente de invertebrados aquáticos, mas também de vertebrados, como peixes, catetos e capivaras (quando estes ainda não são adultos). Para alimentar-se de presas grandes, utiliza suas fortes mandíbulas para despedaçá-la e depois comer.

Os jacarés tem uma importância crucial no equilíbrio da cadeia alimentar, sendo alimento para diversas espécies, como a onça-pintada, além de serem responsáveis pelo controle biológico de outras espécies como peixes, além de insetos e caramujos, por exemplo, que são transmissores de doenças, como a esquistossomose.

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Onça-pintada alimentando-se de um jacaré-do-Pantanal – Foto: Gustavo Figueirôa

 

Conservação do jacaré-do-Pantanal

O jacaré-do-Pantanal sofreu um declínio populacional entre as décadas de 1970 e 1980 por conta da caça ilegal por coureiros do Brasil, Paraguai e Bolívia. Estima-se que 5 milhões de jacarés foram mortos ao longo de dez anos.

Em razão de sua característica de animal de sangue frio, o jacaré tem uma redução de atividade durante a noite, o que facilitava a caçada dos coureiros. Os animais ficavam parados, dentro da água ou na beira dos rios e, dentro de barcos, apontando lanternas, os coureiros encontravam os animais quase inertes, abatiam e faziam a retirada do couro. Curtumes clandestinos instalados, principalmente, no Paraguai e Bolívia, comercializavam este couro para mercados da Europa, América do Norte e Ásia.

Atualmente, a população de jacarés em vida livre no Pantanal apresenta uma das mais vigorosas populações naturais de crocodilianos no mundo, com densidades superiores a 100 indivíduos/km2, distribuídos por toda planície Pantaneira. Estima-se que este número seja em torno de 3 milhões de indivíduos, colocando a espécie no estado de conservação “pouco preocupante” (LC) de acordo com a lista da IUCN, organização internacional que classifica o estado de conservação das espécies de animais.

Embora a caça ilegal no Pantanal para o comércio de peles tenha sido reduzido, o comércio para carne tem sido documentado, o que representa um aspecto preocupante para a conservação da espécie aliado a outras ameaças no seu ambiente.

Outro grande desafio que a espécie já está enfrentando está relacionado às mudanças climáticas. A reprodução e ciclo de vida dos jacarés-do-Pantanal dependem da água, que está cada vez em menor quantidade no bioma, além da elevação das temperaturas, que pode levá-los à morte.