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SOS PANTANAL Monitoramento da água do Pantanal

A água é fundamental para a existência da vida, tal qual conhecemos. Ela está no centro do desenvolvimento socioeconômico, sendo também fundamental para produção de energia, alimentos, para a construção de ecossistemas saudáveis e para a sobrevivência das espécies, principalmente a humana. Além disso, a água é um elemento essencial para fazer frente às alterações climáticas.

Diversas leis defendem o uso da água e a Política Nacional dos Recursos Hídricos usa como fundamento que a água é um bem de domínio público, sendo um recurso natural limitado, dotado de valor econômico .

No âmbito internacional, a ONU reconheceu, em 2010, os Direitos Humanos à água e ao saneamento (DHAS), e está no centro do Objetivo 6 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento (ODS), que defende o acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento até 2030.

Para garantir uma água potável e de qualidade para o consumo humano, órgãos governamentais e centros de pesquisa definiram formas de avaliar esta qualidade, por meio do monitoramento da água.

O que é o monitoramento da água?

O acompanhamento da situação em que se encontra a água, seja de rios, reservatórios e água para consumo, é essencial para garantir a qualidade, identificar possíveis problemas e prevenir que estes problemas cheguem até as pessoas. O monitoramento é uma ferramenta importante para acompanhar parâmetros que indicam a qualidade da água, e é feito através de metodologias científicas, que possam ser medidos e comparados posteriormente.

Garantir a qualidade da água, proteger o meio ambiente e a saúde pública são essenciais.  Com o avanço da tecnologia, o monitoramento da água tem se tornado mais preciso e eficiente, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz.

SOS PANTANAL Monitoramento da água do Pantanal

Um dos parâmetros observados é a turbidez da água – Foto: André Bittar

Como monitorar a qualidade da água?

Desde 1975, o Brasil utiliza o Índice de Qualidade das Águas (IQA), desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta, visando seu uso para o abastecimento público. Este índice classifica a qualidade da água em cinco: ótima, boa, regular, ruim e péssima.

A água também pode ser monitorada de outras maneiras, considerando indicadores físicos, químicos e biológicos.

Métodos de monitoramento da água

É possível monitorar a água analisando diversos parâmetros, divididos em físicos, químicos e biológicos.

  • Coleta de amostras: amostras de água são coletadas e enviadas para análise em laboratórios especializados. 
  • Análises físico-químicas: avaliam características como pH, turbidez, cor, oxigênio dissolvido, sólidos totais, entre outros, para determinar a pureza e segurança da água. 
  • Análises biológicas: avaliam a presença de bactérias, vírus, e outros microrganismos, que indicam contaminação fecal. 

Parâmetros utilizados no Projeto Águas que falam

No projeto “Águas que falam”, executado pelo SOS Pantanal e Chalana Esperança, com apoio da Everest, são analisados 16 parâmetros:

  1. Temperatura da água: indica a temperatura do corpo d’água no momento da análise. É um fator importante para a sobrevivência de espécies aquáticas, já que muitas têm tolerância limitada a variações térmicas.
  2. Temperatura do ambiente: refere-se à temperatura do ar ao redor do corpo d’água. Esse parâmetro pode influenciar a temperatura da água e a interação entre o ecossistema aquático e terrestre.
  3. Turbidez: mede a quantidade de partículas em suspensão na água, como sedimentos e matéria orgânica. Altos níveis de turbidez podem reduzir a penetração de luz e afetar a fotossíntese aquática.
  4. Presença de espumas: observa a ocorrência de espumas na superfície da água, que podem ser naturais ou indicar poluição por detergentes ou substâncias químicas.
  5. Lixo flutuante: avalia a presença de resíduos sólidos, como plásticos e outros materiais, na superfície do corpo d’água, indicando poluição visível.
  6. Odor: verifica se a água apresenta cheiros anormais, que podem ser sinais de contaminação por matéria orgânica em decomposição ou produtos químicos.
  7. Material sedimentável: mede a presença de partículas que se acumulam no fundo do corpo d’água, como sedimentos e resíduos. Pode indicar erosão ou despejo inadequado de resíduos.
  8. Presença de peixes: analisa se há peixes no local, um indicativo importante de saúde do ecossistema aquático, já que espécies aquáticas são sensíveis à qualidade da água.
  9. Larvas e vermes vermelhos: a presença desses organismos pode indicar baixos níveis de oxigênio na água, comuns em ambientes degradados ou eutrofizados.
  10. Larvas e vermes escuros e transparentes: esses organismos podem estar associados a ambientes com qualidade de água melhor, dependendo da espécie presente.
  11. Coliformes totais e fecais (termotolerantes): indicadores microbiológicos que revelam a presença de contaminação por esgoto ou matéria fecal, avaliando a segurança da água para uso humano e ambiental.
  12. Oxigênio dissolvido (OD): mede a quantidade de oxigênio disponível na água para a respiração dos organismos aquáticos. Baixos níveis de OD indicam poluição ou condições inadequadas para a vida aquática.
  13. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): mede a quantidade de oxigênio consumida por microrganismos ao degradar matéria orgânica presente na água. Altos níveis de DBO indicam poluição orgânica.
  14. Potencial hidrogeniônico (pH): avalia a acidez ou alcalinidade da água. Valores fora do intervalo ideal (6,5 a 8,5) podem indicar poluição ou alterações químicas.
  15. Fosfato (PO₄³): mede a concentração de fosfatos, nutrientes que, em excesso, podem causar eutrofização, levando à proliferação de algas e ao desequilíbrio do ecossistema.
  16. Nitrato (NO₃): verifica a concentração de nitratos, outro nutriente que, em altos níveis, pode contribuir para a eutrofização e afetar a qualidade da água.

A análise dos resultados dos indicadores resulta na classificação da qualidade da água em uma escala que varia entre ótima, boa, regular, ruim ou péssima.

SOS PANTANAL Monitoramento da água do Pantanal

Foto: André Bittar

Por que monitorar a água no Pantanal?

O Pantanal perdeu 21% de sua superfície de água nas últimas 4 décadas quando comparamos o primeiro pulso de inundação captado por satélites em 1988, com a última grande cheia que o Pantanal teve, em 2018., Em 2024, a superfície de água no bioma ficou 61% abaixo da média histórica, configurando a maior seca dos últimos 70 anos, e a tendência é que esse cenário continue se agravando. Importantes sub-bacias da Bacia do Alto Paraguai (BAP) vem sofrendo um intenso processo de assoreamento, provocando insegurança hídrica e alimentar em inúmeras comunidades, além de impactar a economia local. Além disso, a água disponível nem sempre é potável, deixando essas comunidades sem acesso à água para beber.

Além do Pantanal estar secando, ele também está esquentando. Estudos climáticos indicam que, até o final do século, o Pantanal poderá enfrentar um aumento médio de temperatura entre 5 e 7 °C e uma redução de até 30% nas chuvas que abastecem seus ecossistemas. Esse novo regime climático intensifica secas e favorece incêndios de grandes proporções, como os episódios que vêm se repetindo desde 2020.

Diante deste preocupante cenário, o projeto “Águas que falam” nasceu, unindo em parceria o SOS Pantanal, a Chalana Esperança, a SOS Mata Atlântica e com recursos da Everest purificadores de água. O projeto tem o objetivo de monitorar e avaliar a qualidade da água em comunidades vulneráveis na Bacia do Alto Paraguai, mapeando problemas relacionados, desenvolvendo estratégias de potabilização da água nas comunidades e envolvendo-as na governança hídrica do bioma.

Além disso, o Instituto também estruturou uma frente estratégica de atuação voltada à prevenção e ao combate aos incêndios. Com foco em soluções de impacto e escala, promovendo a formação de 29 brigadas comunitárias ao longo do território pantaneiro e seu entorno, apoiamos tecnicamente mais de 70 brigadas através do monitoramento de mais de 1,2 milhão de hectares e  contribuímos para a criação de planejamentos territoriais de manejo do fogo na paisagem. 

Atuando no Advocacy, o Instituto tem contribuído ativamente na estruturação das políticas públicas nos âmbitos estadual e federal, participado da implementação dessas políticas via comitês e câmaras técnicas, e trabalhado diretamente com proprietários e comunidades locais.

SOS PANTANAL Monitoramento da água do Pantanal

Foto: André Bittar

Projeto “Águas que falam” em números

  •       Contamos com a parceria de seis municípios: Bonito, Aquidauana, Miranda, Poconé, Chapada dos Guimarães, Corumbá e Barão de Melgaço;
  •       11 comunidades analisam a qualidade da água mensalmente;
  •       5 rios são analisados: Formoso, Aquidauana, Miranda, Barragem do Manso, São Lourenço;
  •       4.585 beneficiários diretos do programa como um todo;
  •       800 pessoas beneficiadas diretamente pela potabilização da água;
  •       Já atingimos a marca de 3 comunidades com soluções de potabilização implementadas: Salobra, João Carro e Aldeia Indígena Mãe Terra.

Este projeto conta com o apoio da Everest Refrigeração Indústria e Comércio LTDA.

SOS PANTANAL Monitoramento da água do Pantanal

Foto: André Bittar

Referências

https://www.imasul.ms.gov.br/monitoramento-da-quantidade-e-qualidade-das-aguas-superficiais-de-ms/

https://www.scielo.br/j/sdeb/a/MScwKFMGMHc9j5yv49ZwhHM/

https://www.snirh.gov.br/portal/snirh-1/acesso-tematico/qualidade-da-agua

https://www.unwater.org/

https://unric.org/pt/agua/

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm#:~:text=Art.%201%C2%BA%20A%20Pol%C3%ADtica%20Nacional,e%20a%20dessedenta%C3%A7%C3%A3o%20de%20animais;

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=318230#:~:text=Art.,as%20presentes%20e%20futuras%20gera%C3%A7%C3%B5es.

https://www.ana.gov.br/portalpnqa/indicadores-indice-aguas.aspx

https://www.researchgate.net/publication/292707527_Climate_Change_Scenarios_in_the_Pantanal